No dia seguinte Leonid chegou na sua Harley Davidson 1940 (inteirassa! Linda!). O cara é muito louco mesmo! Hahahaha.
O Igor teve que ir numa cidade ao lado buscar alguns cilindros de oxigênio, pois o compressor do centro estava quebrado. Eu e Leonid (mais as canadenses, alemãs, etc. de sempre) fomos mergulhar numa outra área de corais bem bacana.
Voltamos e tínhamos que esperar o Igor retornar pois não havia mais cilindros cheios para mergulhar à tarde. Nisso chega uma inglesa perguntando pelo Igor. Tião disse que ele não estava mas já foi logo se apresentando e oferecendo seus préstimos. A mulher mora em NY, trabalha na ONU e quando o Igor chegou o papo já estava mais animado.
“Coño!!! Loco! Pinga! Tiburón de mis mujeres!”
O cara ficou possesso por mexer no peixinho ornamental dele e no mergulho à tarde ficava nadando com uma faca atrás de mim querendo cortar minha mangueira de oxigênio. Sem noção total!
Nesse dia à tarde o Chacal apareceu dizendo que não dava mais pra segurar o “esquema”. Chegaria uma excursão de quebequenses e que iam lotar o resort. Enfim, acabou a mamata. Ele ia me hospedar numa casa particular em Trinidad de uma amiga. Achei uma boa idéia, pois a polícia já deveria ter batido na casa da Margarita atrás de mim...
Enfim, no dia seguinte tomei café, arrumei minha mochila, fiz o check-out e tive que levar as tralhas pra praia (ia deixar guardado no centro de mergulho). Só que eu não tava nem um pouco afim de caminhar 2 km na areia com uma mochila pesada nas costas. Tampouco pagar o absurdo de 5 CUC de táxi pra andar aquela pequena distância. Dei uma banana pros taxistas estelionatários e fui pra estrada (que aumenta a distância dos hotéis em 1,5km). Andei uns 500 metros, numa preparação pro Caminho de Santiago de Compostela, e fiz sinal pra uma motoca. Ofereci 1,15 CUC (que era o que eu tinha em moeda) e o maluco me levou, com as mochilas numa Biz caindo aos pedaços! Bizarro!!!!
Fui mergulhar pela última vez. Me dei conta que estou viciado neste esporte. É de fato fascinante a natureza marítima, os corais do caribe, aquele silêncio embaixo d’água, ficar nadando devagar, apreciando cada detalhe dos corais e, quando chegar num fundo de areia, sentar no chão e olhar aquela imensa piscina de água, do tamanho do oceano. Toda aquela água clara em volta, olhar pra cima e ver a 20-25 metros acima o mar passando com o sol batendo a pino. Uma cena difícil de esquecer...
À tardinha nos despedimos dos outros Tiburones de la Tierra, pegamos a mochila e tentamos embarcar no trenzinho. O motorista era o mesmo maldito! Encrencou porque eu tava com a mochila (se eu fui com ela, porque não podia voltar?), mandou eu descer porque eu não tinha bilhete de volta (ele me tungou 5 dias atrás!!!) e havia outras pessoas sem lugar, mas com bilhetes. Depois mandou as pessoas sobressalentes pegarem um táxi e me botou sentado no trenzinho, só pra tungar mais 2 CUC meus, sem dar recibo. Obviamente.
Fui pra casa particular da Cari, amiga do Chacal. O Igor ficou de passar lá à noite pra me entregar um CD com as fotos e vídeos que ele fez durante nossos mergulhos (paguei 20 CUC). Quando cheguei em Trinidad quase caí num golpe. Desci do trenzinho na praça central de Trinidad e perguntei pra um cara onde ficava a Calle Colón (que eu sabia que era uma abaixo da praça, mas não sabia a direção). O cara perguntou onde eu ia, se eu precisava de uma casa particular, eu disse que já tinha reserva na casa da Cari. O maluco apontou um cara, que estava vindo na minha direção e sorrindo pra mim, e disse que era o marido da Cari. Ele já foi me indicando o caminho e andando na frente. Só que depois do terceiro quarteirão passei a desconfiar. O Chacal havia falado que era na primeira rua pra baixo da praça e que Cari estaria me esperando. Chegando na casa da “Cari”, perguntei por ela e o cara disse que lá tava lotado, que ela tinha pedido pra eu ficar lá. Quase caí nessa, os caras mandaram muito bem no golpe, não deu pra desconfiar de pronto. Como a cidade é pequenininha e todo mundo se conhece, achei que tava indo pro lugar certo e que, como a Cari estava me esperando, tinha realmente mandado o “marido” ir me buscar. Deixei o cara falando sozinho e 5 minutos depois encontrei a verdadeira Cari... rsrsrs
A Cari se chamada “Caridad”. Hehehehehe
O loco coño pinga do Igor não apareceu! Eu não tava nem um pouco afim de ir embora sem minhas fotos e vídeos, pois tinham ficado irados! O Chacal tinha reservado um ônibus pra mim às 8 da manhã do dia seguinte. Às 7 liguei pra ele, expliquei a situação e perguntei se dava pra adiar o ônibus pois eu queria ir atrás do Igor pegar as fotos. Ele falou que dava sim. Deixei a mochila na casa da Cari e fui pra praia. Cheguei lá, encontrei o coño pinga loco que não tinha consigo gravar o CD e por isso não foi me entregar.
Ah, detalhe!!! Nesse dia, tomei café da manhã bem cedinho na casa da Cari. Ni qui eu me virei pra sair da mesa vi uma oferenda pra Exu (Elewá na Santería) num canto da casa, embaixo da escada que dava pro meu quarto!!!!!!!!!!!
Chamei o Rafael (marido dela), que por sinal era muito amigo do pai do Igor, e perguntei se aquilo era, realmente uma oferenda pra Elewá! Ele disse que sim, que eles eram da Santería!
Kkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkk
Tião começou...
“Ahhh não.... de novo, não!!!!!!!!!!!!!!!!”
Falei rapidamente da minha relação com a Santería, do meu interesse em estudar a religião, o candomblé, etc. Ele disse pra eu ficar mais um dia, pois a mulher dele (a Cari) seguia a religião muito fortemente! Nas palavras dele, ela “vivia a Santería”.
Enfim, resumindo a história: passei o dia todo na praia porque o Igor só conseguiu gravar o CD no final da tarde (cada hora era um problema novo no computador) e resolvi dormir mais um dia em Trininad pra conversar à noite com Cari e Rafael! O Leonid não apareceu nesse dia. Me falaram que a mulher botou ele pra fora de casa...
Pescaram o tiburón... No es fácil...
Voltei pra Trinidad e os quartos da casa da Cari já estava ocupados. Fui pra casa da tia do Rafael ao lado, tomei banho e fui lá conversar com eles. Tião havia combinado de ir jantar com uma italiana que ele conheceu no trenzinho vermelho do amor. Atrasei demais porque o papo com o casal Santería estava ótimo. Quando chegamos na praça, a italiana já tava brava e bêbada. Do jeito que o Tião gosta. Hehehehe
A gente bebe
A gente cheira
A gente vive
Na batida divertida
Da gandaia e da zoeira,
Que é pra não ver o tempo passar
Que é pra não ver a vida passar,
Passar e passar,
Pra sempre
Perdida
(mais uma do mestre, José Carlos Ribeiro)
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